Arquivo para julho \29\-03:00 2010

things are what you make of them, baby

Então que eu vivi tantas coisas tão incríveis nos meu últimos dias em Paris, que a única sensação que tenho é a de missão cumprida. Festa de despedida com amigos queridos, almoço de mulherzinha, piqueniques, o mundo pra acabar e a gente querendo dançar dançar dançar, co-pilotagem do metrô parisinse (!), encontros inesperados, o pôr-do-sol mais lindo na sacré-coeur, e seis dias como se fossem cena de um filme, caminhando pelas ruas, vendo tudo que eu sempre quis viver na cidade-luz ali, acontecendo na minha frente, comigo. Com direito a todas as manifestações de amor possíveis, <3

Depois daquele encontro, eu fiquei meio metida a besta achando que tudo sempre ia dar certo no meu caminho. Mas aí que nem tudo foi tão assim e eu perdi meu trem para Londres, o que me permitiu mais um dia à Parrí, digerindo tudo, olhando a lua cheia. Hoje acordei muito cedo para pegar um novo trem, tive minha companhia favorita na cidade ao meu lado o tempo todo, coincidências fofas do destino e uma London, London cinza como sempre me esperando, cheia de pessoas que eu amo e coisas para viver. Nas próximas três semanas tenho viagens programadas, visitas e siricoticos para aproveitar meus últimos tempos em terras européias antes de partir. E a frase que não sai da minha cabeça é uma que recebi por email de uma pessoa querida que passou por aqui, e diz que “é bom saber que a mutação acontece mesmo pra quem se abre pra ela.” E não é que é? :)

maria bonita e lampião

Hoje meus pais completam 35 anos juntos. Já escrevi um monte de coisas sobre eles aqui, sobre como eles são um casal muito especial, meio “Eduardo e Mônica” – são as duas pessoas mais diferentes que conheço, e dão tão certo juntos. Claro que brigam (muito feio), mas se amam também (muito lindo). São companheiros, e educaram a mim e a meu irmão de uma maneira que eu pretendo reproduzir com meus filhos. Poderia passar o resto da minha vida agradecendo e não pareceria suficiente.

Quando eu e maninho embarcamos para a aventura além-mar, há três meses, todo mundo perguntava “e seus pais?”. E eu respondia que “agora ou casa ou separa”, já que, sendo apenas os dois, ou iriam brigar sem parar ou juntar de vez. E acho que a segunda opção venceu: há duas semanas eles foram passar as férias no nordeste, pela primeira vez. Nos mandaram um monte de fotos, lindas, com o sorriso mais bonito que já vi. A uma delas minha mãe deu esse mesmo título deste texto, porque estava usando um chapéu diferente, :)

Bom humor, muito amor, cumplicidade, companheirismo. Minha receita de felicidade.

***

UPDATE: quando escrevi este texto era para postar aqui, mas depois resolvi mandar para a Dani Arrais para a seção “eu quero uma vida lazer”, e ela postou ontem! então leiam lá, que ficou muito mais lindo, com foto e tudo, :)

parábola

Um dos meus sites favoritos para ouvir música é o stereomood, onde você escolhe a playlist de acordo com seu estado de espírito. Porque sou romântica e gosto da natureza ao redor interagindo com meu eu-lírico, rá! 

Aí que eu nunca tinha escolhido a lista “happy” porque sei lá, né gente, tão óbvio, e tão não o que eu vivi por uns tempos. Para animar, sempre escolhia outras alegrinhas, tipo “dinner with friends”, “sunday morning” e “cooking time” (favorita!). Mas semana passada resolvi dar o braço a torcer a escolher a happy, e tinha um monte de músicas que eu amo muito, e fiquei surpresa de como às vezes a gente deixa os pré-conceitos nos impedirem de viver uma coisa bacana. 

Mas acho que o mais importante é sempre reconhecer quando erramos e ter a dignidade de fazer diferente dali em diante, né? Como a Elizabeth, levei quase um ano para chegar aqui. Mas cheguei, que é o que conta. Estou feliz, :)


my heart like a kick drum

Tudo de mais incrível acontecendo na minha última semana em Paris. Lições aprendidas, diversão sem fim, queridos, amor amor amor. 

Não consigo parar de pensar numa das frases que a Lu me mandou, que dizia que ‘a pessoa que vem é a pessoa certa’. Encaro cada um que cruzou meu caminho até aqui como alguém que deixou sua marca em mim. Alguns mais, outros menos; mas todos, de alguma forma, seguirão comigo daqui pra frente, como parte de todo o processo pelo qual tive que passar para ser quem eu queria ser. Ainda nem acabou e eu já sinto saudade. Tão bom, melhor que caminhar vazio.

Tell me the truth, is it love or just Paris?

léxico apaixonado – parte 2

Vamos continuar a achar palavras fofas na língua francesa?


belle-soeur, beau-frère
Significa: cunhada e cunhado
Sentido literal*: “irmã linda” e “irmão lindo”
Porque eu amo: diferentemente do português, em que essas denominações começam com uma sílaba não lá muito simpática, no francês a pessoa que teve a sorte de laçar seu irmão/irmã é alguém muito lindo. E esperamos que seja mesmo, senão vai ter que dar satisfações!
 

mignon(ne)
Significa: fofo(a)
Sentido literal*: não tem uma tradução literal em português, mas lembro que quando meu professor me ensinou isso, ainda no Brasil, ele disse assim: “a melhor parte do boi não é o filé mignon? então.”
Porque eu amo: gente, não tem coisa mais linda que ouvir um francês dizer “ça c’est mignon!” (isso é fofo!), ou, se eles estiverem num dia assim muuuito entusiasmado, eles até podem dizer “très mignon”! Pense num povo que, quando quer muito elogiar uma coisa, não diz que ela é boa, mas que “não é mal”. Então, para dizerem que uma coisa é fofa, é porque é mesmo. Acreditem em mim.

enchanté(e)
Significa: muito prazer
Sentido literal*: “encantado(a)”
Porque eu amo: tá, eu sou bocó e adoro essas expressões de gentileza que usamos em todas as línguas quando se conhece alguém. “Nice to meet you” diz que é muito bacana te encontrar, “muito prazer” dá aquele sentido de que estamos tendo uma enorme satisfação em conhecer alguém novo (mesmo quando não estamos), assim como “mucho gusto”, em espanhol. E sei que a velha guarda também usa “encantado” em português… mas gente, em francês soa tão mais bonitinho, não? Fora que “encantado” lembra conto-de-fadas e conhecer alguém novo sempre dá aquela pontinha de esperança de que esse pode ser seu próximo príncipe. Vai que, né?


Eu queria muito continuar com essa seção, vira-e-mexe me vem algo à cabeça para colocar aqui, mas não trabalhamos com disciplina neste estabelecimento, eu nunca lembro de anotar e, obviamente, acabo esquecendo depois qual era a palavra/expressão. Estou indo embora daqui na quarta mas pretendo continuar com o francês e, se vocês quiserem, eu continuo com palavrinhas e curiosidades. Bisous! ;*


*se fôssemos traduzir diretamente para o português

home is wherever i’m with you

Depois de alguns meses meio perdida, achando que meu lugar é lugar nenhum, digo que estou voltando e recebo um monte de emails queridos, todos terminando com “estamos te esperando de braços abertos, volta looogo!”

Sei que é um clichezão aquela coisa de “home is where your heart is”, mas olha, vou dizer: nunca me pareceu tão verdade.

*o título é trecho de uma música muito fofinha que tenho escutado bastante

torre de babel

estou na fila do museu. ao meu redor, um casal americano fazendo a programação para o restante da tarde, duas amigas francesas tricotando amenidades, uma família espanhola discutindo sobre o almoço. e eu sei sobre o que todos estão conversando, apesar de nenhum deles falar a minha língua materna.

tão lindo, fiquei até emocionada quando me dei conta, ♥

mudanças, siempre

De visual, de cidade, de nome, de endereço, de sonhos, de projeto de vida, de destino.

Inspirações aleatórias que andei vendo por aí – para quem, assim como eu, anda monotemática e só pensa em uma coisa: mudar, mudar, mudar. Para continuar a ser quem se é, só que melhor.

“We have to keep reinventing ourselves almost every minute because the world can change in an instant, and there’s no time for looking back. Sometimes the changes are forced on us, sometimes they happen by accident, and we make the most of them. We have to constantly come up with new ways to fix ourselves. So we change, we adapt, we create new versions of ourselves. We just need to be sure that this one is an improvement over the last.”
(Meredith Grey, in “Grey’s Anatomy”, via)

***

“um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”

(via)

***

“Mudar, por pouco que seja, faz parte da nossa pequena guerra individual e cotidiana.”
(Lya Luft, via)

um encontro e um email

“querida, ontem aconteceu uma coisa muito louca comigo e eu juro que pensei
em você, preciso dividir:

tava de bobeira passeando em paris e entrei numa igreja –
sempre entro, em todas que vejo. não sou a pessoa mais religiosa do
mundo, não frequento missa nem nada, mas tenho fé e gosto de rezar, de
me conectar com deus, sabe? então.

aí tava rezando e tava num momento hipersensível, comecei a chorar
muito, dizendo que só queria duas coisas: agradecer e pedir perdão
(pelas vezes em que fui ingrata e não reconheci como sou abençoada).

ando super angustiada com um monte de coisa, ansiosa e maluca, e
também pedi um pouco de luz – não para ele me mostrar o caminho, mas
que me dê paz de espírito o suficiente para perceber que, de alguma
forma, as coisas vão se acertar, mais cedo ou mais tarde, sabe?

aí ok, lavei a alma, fim. fui dar uma volta na igreja para tirar umas fotos,
quando uma senhora começou a conversar comigo, elogiando os vitrais.
e ficamos UMA HORA conversando. começamos com banalidades e
passamos para fé, crença etc.

ela pegou na minha mão e me disse: “deus me colocou no seu caminho
para te dizer para você ter paciência, que tudo vai dar certo. era
para eu te encontrar hoje, para te dizer isso. você parecia tão
perdida… você tem só 25 anos! fique tranquila, você tem a vida toda
pela frente ainda. você não está sozinha.”

juro. JURO.

chorei litros, saí de lá completamente zonza. ela me disse mais um monte de
coisa, e eu só pensava se teria maturidade suficiente para absorver tudo.

acho que foi um dos “encontros-surpresa-do-destino” mais loucos que
tive até hoje.
de longe, o mais significativo.
e eu queria compartilhar com você…

porque vai dar tudo certo, amiga. porque simplesmente vai, porque “não
dar” não é uma opção. temos a vida toda pela frente.

beijo e muito, muito amor sempre
nath”

castelos de areia

“Meu coração tá ferido de amar errado. (…) Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém.”
(Caio Fernando Abreu)

Tenho essa mania besta de sempre criar platonices aleatórias. Me apaixono pela flor que teima em nascer no asfalto quente da calçada; pelos pingos de chuva que correm soltos pela janela, solidários à minha melancolia; pelo moço bonito que tem fones de ouvido e lê um livro distraído no canto do vagão do metrô, e sequer notou minha presença.

Minha última platonice foi Paris, foi achar que iria amá-la loucamente e que viveríamos felizes-para-sempre. Mas, como todo bom amor platônico, quando se concretiza em relacionamento não é bem como imaginamos. Tem o mau humor matinal, desentendimentos corriqueiros por causa da louça na pia e uma leve decepção quando descobrimos para que time a pessoa torce. Com Paris, foi o excesso de imigrantes e mendigos, o preço abusivo de tudo, certas características culturais dos franceses e o fato de que não me senti “em casa”, como me sentia em Londres, por exemplo.

Mas é isso, né, bola pra frente, “c’est la vie”. Vamos fazer a mala e get over it. Tudo serve de experiência nesta vida, histórias para contar para os netos, coisa e tal. Meu próximo destino agora é perto das pessoas que eu amo. E, se eu pudesse escolher apenas uma lição para tirar desses últimos três meses, ela seria a seguinte: contrariando o que pensei minha vida toda, a felicidade não está em “morar fora” e ganhar o mundo. Ela está dentro de mim e aonde eu estiver disposta a encontrá-la. Pode parecer meio óbvio para alguns, mas acreditem: eu tive que cruzar um oceano – pela segunda vez – para perceber isso. 

E se Pessoa dizia que “tudo-vale-a-pena-se-a-alma-não-é-pequena”, cheguei à conclusão de que a minha deve ser bem das grandes. Porque olha, haja tamanho e disposição para transformar tantas pequenices em experiência de vida, viu.


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