Arquivo para dezembro \31\-03:00 2011

vamos ser pessoas melhores agora?

Sei que não é a mudança de calendário que vai mudar o mundo – é a gente. Mesmo assim, gosto de saber que virar uma folhinha para abraçar um novo começo (seja de ano, de mês ou de semana) traz esse sentimento coletivo de que a gente pode fazer a diferença, de que amanhã pode ser melhor. Um respiro.

E se conhecer tem disso também, de se entregar melhor pro mundo.

Para inspirar, um textinho das sempre queridas Oficinas:

“(…) Se a gente deixa de ser quem é (ou abre mão de identidade única, própria), automaticamente a gente produz não-admiração no outro. É preciso querer brilhar exatamente como a gente é, assumir a responsabilidade que tem no mundo, essa de ser única –> fazer o melhor que a gente pode com os recursos que tem AGORA. Não depende de perder um, dois, cinco, dez quilos. Não depende de casar ou de separar, de mudar de emprego, de mudar de cidade. Não depende de plástica nem de silicone. Depende de se gostar. A gente pode ser incrível já (todo mundo já é!), e é isso que a gente quer pro ano que vem: viver o momento, se enxergar com amor, encontrar o que a gente tem de mais legal sem ansiedade ou euforia – mesmo que a gente ainda possa melhorar (e a gente sempre pode). Uma coisa de cada vez, cada look aproveitado/curtido, fazendo todo momento ser o mais incrível, olhando pra dentro pra fazer brilhar fora. Querer já é um movimento válido – e brilho que faz diferença é brilho autêntico, brilho original, esse que a gente só consegue refletir de verdade-verdadeira se vem de dentro. Só nosso.
A gente sabe que é abençoada quando todo ano que acaba é melhor que o anterior – e quando todo ano que tá vindo ainda rende frio na barriga e brilho no olho pelo que vai rolar. (…)”

 

Que venha o ano novo. Feliz vida nova, de todos os dias, materializada em pequenos gestos. Que a gente pare de ser ansiosa ou melancólica e aprenda a viver o hoje. Que 2012 seja o “ano do agora”. Amém.

dois mil e ouse

Lembro ter ouvido muito esse trocadilho publicitário no início do ano. A voz imperativa nos mandava ser mais ousados, se arriscar a ir além. Não acredito que tenha sido muito ousada (pelo menos não pelo que tenho como conceito de ousadia, exaustivamente debatido ao longo do ano), mas acho que ousar também é testar seus limites e ver até onde se pode ir, até onde estamos dispostos a encarar. E isso sim eu fiz, muitas vezes.

O ganho mais considerável foi no terreno das amizades e dos laços estabelecidos, ainda que por poucos momentos. Aprendi a deixar partir os que não fazem mais sentido na minha vida e a cultivar os velhos de guerra e os que acabaram de entrar e já fazem todo o sentido do mundo, também. Dos novos que se tornaram grude teve uma grande companheira de aventuras, que na verdade está na minha vida há dois anos já, mas só em 2011 ganhou mais espaço. Ela me ensinou a me amar mais, a enxergar a pessoa incrível que sou, e a não deixar ninguém dizer o contrário. Ela me faz companhia quando preciso, cuida de mim, me dá colo e proteção. E acho que, muitas vezes, ela também não se dá conta de quão incrível ela é. Agora ela está começando a trilhar um novo caminho e eu estou aqui no camarote, chefe da torcida organizada, rezando para que tudo dê muito certo, porque ela merece toda a felicidade do mundo. Outra pessoa que entrou este ano veio com a pós e é minha dupla de estudos, confidências e ombro amigo. Compartilhamos risadas e impressões das aulas e das pessoas; e ela me ensina, dia a dia, a encarar a vida com mais leveza, só com seu jeito de ser, tão seguro de si, tão cheio de humor e amor. E por último mas não menos importante é alguém que entrou no finzinho do segundo semestre, mas chegou ocupando todos os espaços. Ele é meu xodó e reflexo de tudo que eu considerava tão meu, mas que é tão seu, também. Discutimos filosofia e definições de pós-gênero na contemporaneidade, mas também quais as séries mais engraçadas da televisão e as tendências pro próximo verão. Entre úteis e fúteis, ele me ensinou a não ter medo de demonstrar o que sinto, a ter senso crítico e a poder amar sem medida. Nos preocupamos em arrumar tempo um pro outro, nem que seja apenas para mandar email ou sms, e acho isso muito legal (tão raro hoje em dia, nesta correria doida em que todo mundo vive, arrumar tempo pro outro). A gente vem de histórias de vida muito diferentes e mesmo assim foi amor à primeira vista – desde o primeiro instante em que nos vimos, a gente não se desgrudou mais. Foi tipo encontro de almas, por mais piegas que isso possa soar, e com ele aprendi a ter mais paciência com as pessoas, a julgar menos e a agradecer mais.

Este ano também trouxe a pós-graduação, a descoberta da vida acadêmica, a paixão pelos estudos e a sede de saber. Todo um horizonte se abriu diante dos meus olhos e cá estou, absorvendo tudo, de olhos e mente abertas pro que der e vier. Uma base de que eu sentia falta, para me aprofundar naquilo que me instiga e aguça a minha curiosidade.

No campo profissional, teve a estruturação de uma vida que eu sempre quis pra mim, com liberdade para só abraçar projetos em que realmente acredito. Veio o fortalecimento da musculatura do Rent a Local Friend, para alçarmos voos maiores; a colaboração com a Voltage e um mundo de pessoas e coisas interessantes que isso me trouxe; um ou outro freela pouco relevante e, agora já no fim do ano, a produção de conteúdo para o Guia Mais, com a chance de ter minha amiga mais antiga como chefa, e a segurança que faltava para eu buscar meu maior objetivo de 2012. Tenho horários flexíveis, aprendi a ter disciplina e a me organizar financeiramente, e ainda ganhei tempo livre para continuar recebendo os visitantes estrangeiros, que tanto amo.

Família continuou lá firme e forte, segurando as pontas, pro que der e vier. E coração, que teima em bater, não teve muita sorte, mas também está ficando calejado e isso traz aprendizado para as aventuras futuras.

Sempre digo que as três pequenas grandes mudanças-mundanas de 2011 foram começar a usar lentes de contato, não segurar mais espirro e minha mãe aprender a enviar sms. Pode parecer pouco, mas enxergar os contornos do mundo com maior clareza, mudar a maneira de espirrar depois de 15 anos fazendo do mesmo jeito (o que estava me deixando surda) e poder falar com a minha mãe mesmo em situações em que uma das duas não pode de fato falar foram mudanças muito significativas este ano, pequenices com grandes impactos. E acho que isso diz muito sobre mim. 

Ao final, vejo que o maior conforto de tudo foi começar a entender isso: o que faz com eu seja tão eu. É um aprendizado que se vai pela vida toda, mas é um processo lucrativo, que nos deixa melhor preparados para enfrentar o mundo ao redor. Aprendi que está na minha natureza saber ouvir e sorrir, e, muitas vezes, tudo que as pessoas mais querem é isso, bem simples: um ouvido e um sorriso. Não tenho medo de espalhar amor e com isso parecer ingênua, boba ou sem malícia – ele sempre me volta potencializado, e perceber isso me faz muito bem. Melhor do que ficar espalhando coisas ruins e sentimentos negativos, que é o que a maioria faz, por vontade ou ignorância.

No meu email de boas festas para queridos, o título era “2012 pode vir quente que a gente tá fervendo!”. E é bem assim que sinto. No final, o saldo de 2011 foi bem positivo. Mas ó, a gente tem gás pra muito mais: 2012, vem que tem



*não vou contar o que tem pra minha listinha de 2012 porque sou maria-listita e ela já tá cheia de coisas que sei que jamais vou cumprir haha
mas “sou brasileira e não desisto nunca”, (rá!) :P

fera neném

Outro dia reencontrei uma pessoa que eu não via há uns bons anos. Além do fato de que hoje ele é um homem e não mais um menino, o que mais chamou minha atenção foi o cara bacana que ele se tornou. Ele tem uma história de vida super sofrida, e teria todos os motivos para “seguir caminhos errados”, como dizem os mais conservadores. Mas não. Ele tem um sorriso largo e encantador, é interessado e interessante, tem bom caráter, é bem informado, tem um carisma contagiante. Ele está cursando a faculdade em que me formei, trabalha na mesma área e tínhamos vários assuntos em comum, passamos a noite toda conversando. Ao final ele me disse que seu sonho era ser presidente da república. Fiquei impressionada e eu, boba que sou, logo me lembrei da música do Trem da Alegria, “Eu sou o fera, o fera neném. Se eu for presidente, você vai se dar bem“. Mas ele não tem mais essa ingenuidade infantil, de quando a gente acha que tudo é muito simples, que é assim tão fácil ganhar o mundo. Ele já tem seus 20 e poucos anos, sabe (bem) das dificuldades da vida, mas ainda assim acha que pode fazer a diferença. Tão bom, encontrar gente idealista apesar de. Eu votaria nele.

great expectations

Outro dia numa aula o professor estava falando sobre pensadores que viviam como se estivessem na sala de espera de um consultório – tocavam sua vida como se sempre estivessem à espera de algo grandioso, um milagre ou furacão, que fosse virar a vida de todos do avesso, que fosse fazer o sol nascer azul.

Eu vivo (convivo?) com essa sensação faz tempo, virou quase companheira já. É uma ansiedade que está sempre à espreita, de canto, alimentando grandes esperanças de que algo muito bom está por vir, enchendo o estômago de borboletas pirilampas. Será que este tal acontecimento é um fato concreto que está para chegar pro jantar, ou de fato a gente vive a esperar coisas maiores, pra sempre?

stay awake to break the habit

Ontem tive uma conversa super densa e profunda com um casal que tinha acabado de conhecer (alô local friend), e falamos de mil coisas e eles tocaram numa ferida muito dolorida minha, algo que vivo tentando jogar pra baixo do tapete e fingir que não, não tá lá (apesar de doer menos a cada dia, ainda está um pouco distante de doer nada).

Aí eu fui pegar o ônibus para aniversário da comadre, já pensando na hora e meia de trajeto em que eu poderia sentar tranquilamente na janela e ouvir Adele e sentir pena de mim mesma e chorar como se não houvesse amanhã – um daqueles momentos em que tudo que a gente precisa é muita autopiedade e zero vergonha na cara.

Então alguém sentou ao meu lado antes que eu pudesse esboçar qualquer reação. E eu passei a próxima hora toda conversando e nem vi o tempo passar, e esqueci de tudo que fazia chorar. Desci do ônibus toda saltitante, pensando em como é bom quando a vida ainda tem gás para nos reservar boas surpresas. Mesmo num dezembro maluco e tumultuado como este.

bens da idade

Uma vez li uma matéria que falava sobre tribos isoladas de algum lugar do mundo, onde não existia nem calendário. Parece surreal no hiperconectado século XXI, mas é verdade. Enfim, eles falavam lá que, com a ausência de calendário, os habitantes desses lugares não tinham a menor ideia de sua data de nascimento. E como isso era algo inacreditável para nós ocidentais, que damos tanto valor para aniversário, signo, ascendente e tudo que vem junto no pacote do “dia em que você nasceu”.
 
Confesso que eu sempre me importei muito com isso. E meus amigos sabiam. Ficava extremamente chateada com quem se esquecia da data, como se isso diminuísse o que a pessoa sentia por mim. “Poxa, se ela não faz questão nem de lembrar meu aniversário, acho que é porque não sou tão importante assim na vida dela”, eu pensava.
 
Mas gostei de ver uma mudança significativa em mim este ano. Acho que é porque meu aniversário ano passado foi muito, muito bom, superando expectativas. E também porque desta vez eu estava tão maluca nos dias próximos a “12 do 12”, trabalhando tanto e com a cabeça a léguas de distância, que eu mesma dei menos importância a isso. Que, vamos combinar, não é algo tão grande assim né? É só um dia.
 
Continuo gostando da ideia de receber mensagens e carinhos, e digo que aniversário é especial porque são 24 horas em que mais pessoas lembrarão de você pelo menos em algum momento, e por uma coisa boa, e te mandarão boas energias. Eu sinto isso – pelo menos para mim é quase palpável. É um dia mágico, em que tudo parece dar certo, é como se eu conseguisse tocar o amor ao redor.
 
Mas este ano algumas pessoas queridas esqueceram também. E isso não me afetou de forma superlativa, como seria em outras épocas. Porque eu mesma, neste ano frenético, acabei esquecendo aniversários certas vezes. E percebi que, melhor do que só lembrar de alguém no dia tal, porque a pessoa nasceu nesta data há X anos, é pensar nela por uma bobeira mundana, numa terça-feira qualquer, e mandar uma mensagem de carinho despretensiosa. “Tou no mercado e vi seu queijo favorito em promoção na gôndola, quer que eu leve pra você?”. Isso sim é amor.

pequenas grandes escolhas

De uns tempos pra cá, estou tendo que fazer muitas escolhas. Desde as mais banais, tipo “olho-tudo-boca-nada ou boca-tudo-olho-nada?”, até mais sérias, de selecionar se vou participar de um grupo de estudos que amo muito ou se vou deixar a manhã de sábado livre para resolver um monte de pendências que estão me deixando agoniada. Me dei conta de que o ano todo foi de escolhas assim, tive que abrir mão dos encontros de meditação por conta de agenda, das leituras extracurriculares por causa da vida acadêmica, de passar mais tempo com as pessoas que eu amo devido ao trabalho (que eu também adoro).

Este ano não vou conseguir celebrar o 12 do 12 comme il faut e tive uma ideia doida de “comemoração individual de aniversário”, de encontrar cada querido de uma vez, com calma, para curtir cada momento sem pressa. Meus amigos são os melhores do mundo e todos reservaram um tempinho para mim, e agora quem tem que rebolar para cumprir todas as pendências antes do fim de 2011 sou eu. Mas este foi o presente que eu me dei este ano: ficar mais tempo com quem eu amo e mais feliz, assumir esse compromisso comigo mesma e com os outros.

Cada escolha implica numa renúncia e, neste momento, eu estou renunciando a viver a vida no piloto-automático, emendando frenética um compromisso maluco no outro. No pacote tive que abrir mão de fazer coisas que eu amo muito também, mas creio que foram decisões maduras, analisadas e bem pensadas. Escolhi o que me faz bem. Acho que adultesci.

para pensar

A vida para Pedro faz todo sentido porque ele criou um sentido para ela.”
(vi aqui, em artigo da sempre ótima Eliane Brum*)

Como sempre, uma frase perdida em um texto chama a minha atenção e me faz pensar em mil coisas. Se a sua vida não faz sentido por si própria, será que não chegou a hora de você então criar um sentido pra ela? Tipo Maomé: inércia nunca levou ninguém a lugar algum. Vamos ser a montanha?

 

*no restante do texto ela explica de um outro tipo de sentido que ele criou, mas mesmo assim essa frase me marcou

época de colheita

O personare vive dizendo uma coisa super batida, de umas tais fases em que parece que nosso problemas são resolvidos de forma mais fácil, que algo que nos incomodou por meses ou anos parece não ser mais tão caroço – ou a gente aprende a olhar pra eles por outra perspectiva, e eles se dissolvem feito espuma na palma das mãos.

De repente os problemas parecem tão, mas tão pequenos. Eu conheço pessoas incríveis, espalho amor aos quatro ventos, faço coisas boas aos outros e isso me volta, feito bumerangue. Até o fato de decidir não comemorar meu aniversário este ano trouxe sorrisos aos meus queridos e promessas de encontros felizes <3

Eu não sei apontar exatamente o que aconteceu comigo, se foi fase da lua, a tal mudança de atitude ou simplesmente um momento favorável mesmo. Mas tanta coisa boa e extraordinária tem me acontecido que este ano o inferno astral passou ó, batido.

Me sinto cercada de tanto amor sorte luz por todos os lados que mais parece um sonho :)

E sei que esse papo parece super chato e esotérico, mas estou colhendo frutos muito bons e 2011 vai terminar como um ano ótimo. Não incrível, mas acima da média, o que já é muita coisa.

Minha listinha para 2012 já está sendo confeccionada e tem muita coisa lá. Só não tem o principal: um pouco de pé-no-chão. Mas quem disse que precisa?

embrulha p’ra viagem

Dia desses estava lendo uma matéria no jornal sobre um livro que acabara de ser lançado. No meio da resenha, o autor descrevia uma das personagens com “carrega um coração transplantado”. E é incrível como uma frase assim à toa, perdida no meio de tantas outras, chama a minha atenção de tal forma que eu passe o restante do dia pensando nisso.

Achei curioso descrever uma personagem como alguém que “carrega um coração transplantado”, como se isso fosse característica determinante para definir o caráter ou personalidade de alguém. Juro, havia só três características ali: de onde ela vinha, o tal do coração alheio e seu ar enigmático. E só. Por que ele escolheu esse recorte? Porque não falar se ela prefere dias de sol ou noites de chuva, se gosta mais de gato ou de cachorro? Não sei.

Só porque o coração é esse órgão que carrega consigo tanto simbolismo atrelado a amor e sentimentos? Mas ele não é apenas um músculo que bombeia o sangue, e o tal do amor vem, na verdade, do cérebro – menos estético e atraente, se comparado às ilustrações do coração simplificado e fofo? Ninguém caracteriza fulano dizendo que ele tem um “rim transplantado”; embora, em teoria, os dois sejam apenas definidos como órgãos que exercem determinadas funções fisiológicas, cada um à sua maneira.

Fiquei me questionando depois o quanto ter um coração transplantado muda a vida de uma pessoa, a ponto de isso ser uma das três carcaterísticas que alguém escolheria para defini-la. Além da razão óbvia de ela saber-se viva devido a isso, claro; haveria outras coisas lá, por trás? Será que ela acharia que ama mais ou menos por causa desse bendito coração de outra pessoa?

Talvez seja só o meu coração mesmo (ou meu cérebro) boboca-sentimentalóide que procura razões metafísicas numa linha de jornal, que no dia seguinte vai embrulhar um peixe. Porque, no restante do dia, eu só conseguia pensar que se ele fosse mesmo transplantado, eu certamente viveria a buscar ainda mais sentido em coisas tão mundanas.

(vi aqui :* )


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