Lembro ter ouvido muito esse trocadilho publicitário no início do ano. A voz imperativa nos mandava ser mais ousados, se arriscar a ir além. Não acredito que tenha sido muito ousada (pelo menos não pelo que tenho como conceito de ousadia, exaustivamente debatido ao longo do ano), mas acho que ousar também é testar seus limites e ver até onde se pode ir, até onde estamos dispostos a encarar. E isso sim eu fiz, muitas vezes.
O ganho mais considerável foi no terreno das amizades e dos laços estabelecidos, ainda que por poucos momentos. Aprendi a deixar partir os que não fazem mais sentido na minha vida e a cultivar os velhos de guerra e os que acabaram de entrar e já fazem todo o sentido do mundo, também. Dos novos que se tornaram grude teve uma grande companheira de aventuras, que na verdade está na minha vida há dois anos já, mas só em 2011 ganhou mais espaço. Ela me ensinou a me amar mais, a enxergar a pessoa incrível que sou, e a não deixar ninguém dizer o contrário. Ela me faz companhia quando preciso, cuida de mim, me dá colo e proteção. E acho que, muitas vezes, ela também não se dá conta de quão incrível ela é. Agora ela está começando a trilhar um novo caminho e eu estou aqui no camarote, chefe da torcida organizada, rezando para que tudo dê muito certo, porque ela merece toda a felicidade do mundo. Outra pessoa que entrou este ano veio com a pós e é minha dupla de estudos, confidências e ombro amigo. Compartilhamos risadas e impressões das aulas e das pessoas; e ela me ensina, dia a dia, a encarar a vida com mais leveza, só com seu jeito de ser, tão seguro de si, tão cheio de humor e amor. E por último mas não menos importante é alguém que entrou no finzinho do segundo semestre, mas chegou ocupando todos os espaços. Ele é meu xodó e reflexo de tudo que eu considerava tão meu, mas que é tão seu, também. Discutimos filosofia e definições de pós-gênero na contemporaneidade, mas também quais as séries mais engraçadas da televisão e as tendências pro próximo verão. Entre úteis e fúteis, ele me ensinou a não ter medo de demonstrar o que sinto, a ter senso crítico e a poder amar sem medida. Nos preocupamos em arrumar tempo um pro outro, nem que seja apenas para mandar email ou sms, e acho isso muito legal (tão raro hoje em dia, nesta correria doida em que todo mundo vive, arrumar tempo pro outro). A gente vem de histórias de vida muito diferentes e mesmo assim foi amor à primeira vista – desde o primeiro instante em que nos vimos, a gente não se desgrudou mais. Foi tipo encontro de almas, por mais piegas que isso possa soar, e com ele aprendi a ter mais paciência com as pessoas, a julgar menos e a agradecer mais.
Este ano também trouxe a pós-graduação, a descoberta da vida acadêmica, a paixão pelos estudos e a sede de saber. Todo um horizonte se abriu diante dos meus olhos e cá estou, absorvendo tudo, de olhos e mente abertas pro que der e vier. Uma base de que eu sentia falta, para me aprofundar naquilo que me instiga e aguça a minha curiosidade.
No campo profissional, teve a estruturação de uma vida que eu sempre quis pra mim, com liberdade para só abraçar projetos em que realmente acredito. Veio o fortalecimento da musculatura do Rent a Local Friend, para alçarmos voos maiores; a colaboração com a Voltage e um mundo de pessoas e coisas interessantes que isso me trouxe; um ou outro freela pouco relevante e, agora já no fim do ano, a produção de conteúdo para o Guia Mais, com a chance de ter minha amiga mais antiga como chefa, e a segurança que faltava para eu buscar meu maior objetivo de 2012. Tenho horários flexíveis, aprendi a ter disciplina e a me organizar financeiramente, e ainda ganhei tempo livre para continuar recebendo os visitantes estrangeiros, que tanto amo.
Família continuou lá firme e forte, segurando as pontas, pro que der e vier. E coração, que teima em bater, não teve muita sorte, mas também está ficando calejado e isso traz aprendizado para as aventuras futuras.
Sempre digo que as três pequenas grandes mudanças-mundanas de 2011 foram começar a usar lentes de contato, não segurar mais espirro e minha mãe aprender a enviar sms. Pode parecer pouco, mas enxergar os contornos do mundo com maior clareza, mudar a maneira de espirrar depois de 15 anos fazendo do mesmo jeito (o que estava me deixando surda) e poder falar com a minha mãe mesmo em situações em que uma das duas não pode de fato falar foram mudanças muito significativas este ano, pequenices com grandes impactos. E acho que isso diz muito sobre mim.
Ao final, vejo que o maior conforto de tudo foi começar a entender isso: o que faz com eu seja tão eu. É um aprendizado que se vai pela vida toda, mas é um processo lucrativo, que nos deixa melhor preparados para enfrentar o mundo ao redor. Aprendi que está na minha natureza saber ouvir e sorrir, e, muitas vezes, tudo que as pessoas mais querem é isso, bem simples: um ouvido e um sorriso. Não tenho medo de espalhar amor e com isso parecer ingênua, boba ou sem malícia – ele sempre me volta potencializado, e perceber isso me faz muito bem. Melhor do que ficar espalhando coisas ruins e sentimentos negativos, que é o que a maioria faz, por vontade ou ignorância.
No meu email de boas festas para queridos, o título era “2012 pode vir quente que a gente tá fervendo!”. E é bem assim que sinto. No final, o saldo de 2011 foi bem positivo. Mas ó, a gente tem gás pra muito mais: 2012, vem que tem!
*não vou contar o que tem pra minha listinha de 2012 porque sou maria-listita e ela já tá cheia de coisas que sei que jamais vou cumprir haha
mas “sou brasileira e não desisto nunca”, (rá!) :P