Outro dia estava assistindo a um episódio de “New Girl” em que os dois protagonistas analisavam seu relacionamento com seus respectivos melhores amigos – tendo este relacionamento há uns bons anos, mas encarando o fato de as afinidades terem minguado com o passar do tempo e só ter restado o afeto, a questão principal era: “se nos conhecêssemos hoje, seríamos amigos?”. E, fatalmente, a resposta era simples, objetiva e direta: “Não”.
Tenho passado por isso nos últimos tempos. Alguns de meus amigos mais próximos estão em minha vida há mais de 15 anos. E os amo de paixão, apesar de termos vidas muito diferentes hoje em dia. E, quando surgem conflitos mais sérios, que envolvem valores nos quais acredito fervorosamente e defendo com fúria leonina, fica um pouco mais difícil neutralizar os ânimos e se lembrar do amor que existe ali, e que resistiu a tantas mudanças, por tanto tempo.
(Pausa para um flashback de que algumas das memórias mais fortes que tenho da minha adolescência são de discussões acaloradas com meu pai durante o jantar, porque tínhamos ideologias diferentes e signos iguais. Então enfrentar de frente quem amo por algo em que acredito não é novidade, apesar de esse meu lado ter estado mais adormecido ultimamente.)
Então voltamos para o fato de que é preciso respirar muito fundo para preservar um afeto tão bonito e resistente, de uma amizade construída em anos de amor sem julgamento, de companheirismo sem poréns, de liberdade sem licença. Opiniões distantes mas carinho próximo, e lembranças infinitas de prova de amizade e diversão. Porque todo relacionamento é feito de um encontro e de muitos momentos de desencontros vindouros. Superemos.