“(…) Ela estava sempre impecavelmente vestida, como se o lugar para onde ela estivesse indo fosse sempre o melhor lugar do mundo – mesmo quando esse lugar era apenas a mercearia da esquina.”*
Dia desses estava lendo uma matéria numa Vogue antiga que comprei em um sebo aqui, e essa frase acima me chamou muito a atenção. Ela estava perdida no meio de um texto da seção “Nostalgia”, que contava a obsessão da autora sobre uma modelo que morava em seu prédio durante a juventude. E me peguei pensando em quanto carinho e respeito é preciso ter consigo mesma e com o resto do mundo para sempre ter tanto cuidado na hora de se vestir. Desde que li esse texto venho tentando vencer a preguiça matinal e aplicar no meu próprio dia a dia, e é incrível o que consegui fazer com um pouquinho de criatividade e inspiração – apesar do guarda-roupa superlimitado, um dos efeitos colaterais de se colocar a vida numa mala de 23kg para cruzar o Atlântico.
Lembrei de um texto das Oficinas (queridas!) e outro do minas de ouro. Compartilhei ambos em meu reader há uns meses com observações do tipo “se até Clarice Lispector se preocupava com vaidades e feminices, quem somos nós para dizer o contrário?” e “sou superpartidária desta filosofia também, que se querer bem é, de certa forma, querer bem o outro também, mostra respeito e cuidado com o mundo ao redor e influencia pessoas de maneira positiva, tipo bola de neve do bem!”. Não acho que seja frivolidade, sempre acreditei ser uma sabedoria bem aplicada – afinal, quem não quer ver o mundo todo mais bonito?
No último lugar em que trabalhei, as meninas sempre vinham me pedir dicas, só porque eu saía um pouco do lugar-comum. E olha que nem sou entendida da área nem nada, sou apenas amadora – no sentido mais puro do termo, o de amar mesmo. Porque se eu estiver me sentindo bem, isso reflete no meu dia todo – do meu humor ao sorriso com que eu recebo as pessoas. Não quero me desculpar por querer me sentir bonita, não quero parecer fútil e não quero que isso faça as pessoas pensarem que eu me importo menos com outras coisas – porque na verdade eu me importo é mais. E me importo tanto que só quero que todos ao meu redor se sintam sempre como se estivessem no melhor lugar do mundo – mesmo que seja só a mercearia da esquina.
*tradução livre dos originais em inglês